domingo, 21 de setembro de 2008

Psicologia de Mídia

Ah, como eu queria aparecer na mídia! Ir no Fandástigo, Regina Bondefaro, Super Bananny e programas desse tipo... Queria poder falar algumas... coff coff coff ...
Bom, dizer que acho isso (muitas vezes, nem sempre, mas na maioria das vezes) uma grande palhaçada...

Ok, ok!
Eu sei que seria linchada pelas mulheres desvairadas em plena função de sua histeria coletiva, mas, deixando de lado essa consideração (zinha), posso aqui confessar que às vezes tenho vontade de ...

...enfim, melhor não...

Já repararam como alguns “Psicólogos da Mídia” que atendem crianças costumam sempre colocar toda a culpa nos coitados dos pais!?

Após cinco minutos de declarações incompletas, extravagantes e deliciosamente exageradas, eis que surge uma voz doce, suave, que toma conta do ambiente...

É Jesus?
Não!
A Psicóloga começou sua explicação...

-- Você precisa dedicar mais tempo ao seu filho, ele precisa de seu carinho, de sua atenção. Você trabalha duro, jornada dupla, e isso é tão difícil... mas a beleza de ser mãe carrega esses belos sacrifícios, que é o contato direto. E é você quem tem que procurar seu filho para passar um tempo com ele! Não espere que ele venha até você, pois ele não tem ainda maturidade para entender a importância disso...

-- Que belas palavras! Que bela mulher! Ela, sim, sabe das coisas! Você viu? Prestou atenção em tudinho o que eu falei! E entendeu exatamente o que eu quis dizer! Nem precisei contar minha vida toda! Ela adivinhou! Ela, sim, entende das coisas!
-- E você viu, que conselhos? Eu sempre te disse, amiga: “você precisa passar mais tempo com o Jr”. Mesmo que você não saiba ajudar o menino na tarefa da escola, pelo menos a presença sua tem que ter, não é mesmo? Ah, amiga! Faz o que a psicóloga pediu!
-- Claro, vou começar hoje mesmo!

E obviamente que tudo funciona! Na primeira semana, pelo menos, quando as idéias estiverem frescas na mente, ou enquanto o problema permanecer o mesmo do que foi “adivinhado” pela sábia Psicóloga...

E sobre resultados a longo prazo?

Espere só o Jr chegar à pré-adolescência, ficar um chato, achar que é gente e passar a sentir vergonha da família!
Quando isso acontecer, é só me procurar! Quem sabe já não serei famosa? ;)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Coisa séria: Nenhuma forma de violência vale a pena

Em matéria intitulada “PF apela à psicologia para algemar” publicada no jornal O Estado de São Paulo de 14 de setembro último, lemos o depoimento de duas psicólogas, pertencentes aos quadros da Polícia Federal, onde afirmam ser justificado o ato de algemar, indiscriminadamente, cidadãos que recebem voz de prisão por agentes da PF. Em que pese o lugar de onde opinam as profissionais- elas próprias parte da corporação policial em pauta- suas idéias e concepções não coincidem com os princípios que orientam hoje o debate da psicologia brasileira em torno do tema da justiça, segurança pública e defesa dos direitos humanos. O Sistema Conselhos de Psicologia ( Conselho Federal e Conselhos Regionais) estão próximos de realizar o II seminário sobre o sistema prisional brasileiro e o papel dos psicólogos. Na pauta ! desse seminário apontamos claramente para a tarefa urgente de tratarmos as políticas criminal, penitenciária e de segurança pública brasileiras como caso de calamidade pública merecendo a preocupação de toda a sociedade. Em nossos cárceres imundos mantemos cerca de meio milhão de seres humanos, preponderantemente jovens e miseráveis, muitos deles sem sentença condenatória e passando por todo tipo de violação de direitos. A violência do Estado, muitas vezes legitimada pela mídia, torna-se recurso natural nas ações de repressão aos atos infracionais.
Ora, algemar sob o argumento de que o estresse torna os sujeitos humanos imprevisíveis é generalizar os fenômenos psicológicos, banalizando sua complexidade. Isso pode acabar por justificar a transformação de uma ação de prevenção em ato de ostentação de força e violência onde o sujeito abordado pode tornar-se vítima de humilhação social. Esse efetivamente não deve ser o papel da PF que tem demonstrado seriedade e cautela nas operações que todos acompanhamos nos últimos tempos. O uso da violência desqualifica sua conduta profissional, perdendo credibilidade social e o respeito dos cidadãos que acreditam nos princípios democráticos.
O Conselho Federal de Psicologia, em sintonia com a campanha das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, acredita que NENHUMA FORMA DE VIOLÊNCIA VALE A PENA.

Humberto Verona
Presidente do CFP


Esta matéria foi publicada no site Psicologia Online e merece ser publicada neste blog...
Afinal de contas, em botequim a gente também fala coisa séria...
... de vez em quando...

domingo, 7 de setembro de 2008

Psicanalistas, neo-psicanalistas e suas expressões pornográficas...

Ah, o finzinho da tarde de domingo...
Há momento mais depressivo que este na semana?
Ainda não é segunda-feira, então não há do que reclamar... Ao mesmo tempo, já não posso dizer que estou em pleno fim de semana: qualquer atividade que se iniciar neste momento deverá ser coitamente interrompida pelo “vamos embora, amanhã acordo cedo para trabalhar”.
Então, para quem acha que Happy Hour é coisas sem sentido, pode começar a mudar de idéia, pois eis um bom motivo: não há momento melhor para convidar para uma atividade com hora para terminar aquelas pessoas que, por mais que se tenha afeição, você não conseguiria ficar na companhia por muito tempo por um motivo ou outro, e não tem coragem de pedir para ir embora mais cedo e se livrar logo do papo chato...
Mas, como mesmo uma simples “hora feliz”  também pede uma sessão terapêutica, tem sempre alguém que solta a pérola: tive um sonho estranho por estes dias... quer ouvir?
“Não, não quero... estou no meu finzinho do final de semana e não quero pensar nessas coisas agora...” (penso, enquanto sorrio)
Mas eis que minha companhia psicanalista fala entusiasmada, para meu interno desespero: “quero”.
E a história começa... pessoas aparecem, coisas somem, gente que vira coisa, coisa que vira gente... e mais gente aparece do nada... ou seja, um sonho realmente maluco...

Ah, como é bom ser cognitivista: o sonho não tem o mesmo valor que para a Psicanálise... mas é uma delícia ouvir e poder depois tirar minhas conclusões, geralmente as mesmas de minha amiga, mas que botam menos medo quem ouve... afinal de contas ouvir “essa pessoa penetrando no seu sonho... indica que você não gosta de invasões... e ele te invadiu... não penetrou somente no seu sonho, mas em você” parece pornográfico demais...
Por outro lado... “cara, sinceramente, presta atenção... você está voltando pra seu ex-marido, não está? Então, um monte de sentimentos que você já achava que tinha se perdido estão voltando "assim, do nada"... Você tem tido dificuldade para trabalhar, não tem, porque “do nada” você se pega pensando nessas coisas, não é? Então, é isso que está “te invadindo”...
Faz mais sentido e bota menos medo, não acham...
Ah, a Psicanálise e seus temos pornográficos...