Entrar para os “campos da Psicologia” é na verdade encadear-se rumo a um enorme campo minado. Sim, porque estamos falando de um domínio vasto de trabalho que, como tal, possui seus pontos seguros e os... digamos... “que ninguém segura”
Entendeu? Entendeu?
Quando o indivíduo (ou indivídua) decide marcar com um X o quadradinho equivalente à “Psicologia” em seu formulário de inscrição do vestibular (como se alguém com 17 anos tivesse reais condições de escolher sua “carreira”, mas enfim, não vamos perder o foco...) toma na verdade a decisão de estudar algo para “se conhecer melhor”, ou ainda “para ajudar os outros”...
Ninguém admite inicialmente que quer ganhar dinheiro...
Mas enfim, “mantenha o foco, Ju; mantenha o foco...”
Sobre o “se conhecer melhor”, não vou comentar nada... acho que é o tipo de coisa que dá pano pra manga... ou melhor, pra post!
Mas sobre o “ajudar os outros”...
Acho até louvável esse tipo de pensamento, principalmente quando ele se torna uma atitude depois da formatura, e não fica apenas no discursinho demagógico pré-fabricado. Tive a oportunidade de trabalhar com clínica com pessoas carentes, e é surpreendentemente delicioso!
Mas isso não deixa de ser uma praga!
Tão ruim quanto você se apresentar como psicólogo e logo escutar aqueles discursinhos de “que legal, você entende as pessoas”... é o discurso do “Todo mundo é meio psicólogo por dentro, não é?”
Todo mundo acha que sabe algo de Psicologia... desatam a falar coisas que viram na TV, nos programas de fim de semana, ou que leram em um livro de auto-ajuda, que obviamente foi emprestado por um amigo (ninguém assume comprar essas... essas... esses livros...)
Conversa vai, conversa vem... e soltam a pérola “você, que é psicólogo, deve saber explicar melhor isso”...
E todos os olhares se direcionam a você...
Mas antes mesmo de você se pronunciar, atendendo aos “pedidos” ou não, o grupo começa a distribuir pérolas...
São coisas que leram alguma vez em uma crônica famosa, ou contos de internet, no livro que comprou pro filho... Não importa! Mas sempre põem o coitado do Édipo no meio... seja qual for o assunto.
Parece que o Complexo de Édipo virou um modo de “entrar na conversa pela metade e conseguir se manter por lá”...
Quando você para e respira, nota então a roda inteira está dando suas opiniões dignas de boteco e você se sente deslocado, num assunto em que, pasme, quando começou, era você o centro das atenções...
A tese em que me apóio é: o mundo não quer psicologia, quer psicologizar!
“Tudo é psicológico”
E todo mundo entende alguma coisa...
Afinal, de psicólogo e louco, todo mundo tem um pouco...
Como dizem, “uma vez psi... psi até morrer”
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Agradecimentos ao
Humanando pela conversa no msn que rendeu este post! :)
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03 de outubro de 2008
Não resisti em postar este complemento:
Um amigo de internet quis comentar sobre meus poemas, em outro blog. Até aí, tudo bem, mas como eu não tinha entendido muito bem o que ele disse, perguntei:
JuKiara: nossa! o que te fez pensar assim?
Amigo: bem, é porque eu também sei enxergar por dentro das pessoas!
JuKiara: hum...
Amigo: sabe, acho que tenho algo como Psicólogo...
Enfim, ainda bem que ele não abriu consultório! Vocês já viram o preço absurdo que estão as bolas de cristal nos dias de hoje, com essa bagunça do Dolar?